Instituto Micélio Sagrado revela estudo inédito sobre cogumelos psilocibinos e saúde pública no Brasil

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Apesar das crescentes evidências científicas destacando os benefícios terapêuticos da psilocibina, a política de drogas no Brasil ainda a classifica como perigosa e com alto potencial de abuso. Mas será que essa classificação reflete os dados da realidade?

Para responder a essa questão, o núcleo científico do Instituto Micélio Sagrado conduziu uma pesquisa inédita, investigando se os cogumelos psilocibinos representam um risco à saúde pública brasileira em comparação com outras substâncias. O estudo também propõe reflexões sobre a necessidade de regulamentações baseadas em evidências, visando evitar prisões arbitrárias, garantir o acesso seguro à psilocibina para fins clínicos e cerimoniais, além de incluir comunidades indígenas em deliberações regulatórias.

Publicado na revista científica International Journal of Medicinal Mushrooms, o estudo analisou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), abrangendo eventos adversos relacionados ao abuso de drogas entre 2007 e 2022, com um total de 112.451 casos examinados.

    Principais resultados:

  • A maioria dos casos envolveu homens (70,7%), brancos (33,4%) e pessoas entre 26 e 35 anos (25,9%).

  • Substâncias mais relatadas: álcool (49,2%), seguido por cocaína (20%) e medicamentos, principalmente anticonvulsivantes (10,1%).

  • Cogumelos psilocibinos foram associados a apenas 13 casos, todos envolvendo homens, majoritariamente entre 18 e 25 anos (61,5%).

   Quanto às hospitalizações:

  • O álcool liderou com 45% das internações (13.418 casos).

  • Cogumelos psilocibinos apresentaram uma taxa de hospitalização de 46,2% (6 de 13), mas representaram apenas 0,02% de todas as internações, sem relatos de sequelas ou mortes.

  • As mortes por abuso de drogas foram majoritariamente associadas à cocaína (33,3%).

Esses dados apontam que os cogumelos psilocibinos apresentam um risco baixo de eventos adversos, quando comparados a outras substâncias. Ainda assim, a possibilidade de subnotificação de casos deve ser considerada. O estudo também destaca as dificuldades geradas pelo atual estatuto jurídico ambíguo, que cria barreiras ao acesso seguro à psilocibina e prejudica o avanço de pesquisas científicas e estratégias de redução de danos.

Por que isso importa?
Atualizar as leis para refletir as mais recentes evidências científicas e mudanças sociais é crucial. Um marco regulatório coerente pode permitir o uso seguro da psilocibina em contextos clínicos e cerimoniais, beneficiando tanto a saúde pública quanto às práticas tradicionais.

Fique atento aos próximos passos dessa pesquisa e apoie nosso trabalho! O Instituto Micélio Sagrado continua empenhado em promover um debate informado e baseado em evidências científicas.

Acesse o artigo completo e compartilhe:

https://www.dl.begellhouse.com/journals/708ae68d64b17c52,7a3cf59c1ad4775a,2844de305d8d591d.html

Referência

Nogueira M, García-Hernández S, Sotéro Roberto G, Zanella Marques L. Psilocybin Mushrooms and Public Health in Brazil: Insights from a Retrospective Analysis of Adverse Events and Their Implications for Regulatory Discussions. Int J Med Mushrooms. 2025;27(2):13-37. doi: 10.1615/IntJMedMushrooms.2024057053.

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