O que experiências psicodélicas e de quase-morte têm em comum?

Como lidamos com a morte pode moldar profundamente a forma como vivemos. Experiências psicodélicas e de quase-morte têm o poder de transformar essa relação, trazendo novas perspectivas e reduzindo o medo de morrer. É o que revela um estudo publicado na revista científica PLoS One, que analisou e comparou essas vivências. Os participantes relataram experiências que mudaram suas crenças sobre a morte – sejam elas causadas pelo uso de psicodélicos, por uma experiência de quase-morte ou por outras experiências não-ordinárias, como experiências fora do corpo.

No estudo, os pesquisadores analisaram as circunstâncias relatadas, aspectos místicos, mudanças nas atitudes sobre a morte e outros efeitos persistentes dessas vivências. Ao todo, 3192 pessoas participaram do estudo, divididas em cinco grupos:

  • Quase-morte ou outras experiências não-ordinárias sem uso de substâncias (n = 933);

  • Experiências psicodélicas ocasionadas por LSD (n = 904);

  • Psilocibina (n = 766);

  • Ayahuasca (n = 282);

  • DMT (n = 307).

Resultados

Circunstâncias únicas em experiências de quase-morte

Comparado aos grupos de psicodélicos, o grupo de quase-morte foi mais propenso a relatar estar inconsciente, clinicamente morto ou em perigo iminente de vida durante a experiência.

Semelhanças entre psicodélicos e quase-morte

Todos os grupos relataram mudanças semelhantes nas atitudes em relação à morte, incluindo redução no medo de morrer e efeitos positivos duradouros ligados ao significado pessoal, espiritual e de autoconhecimento da experiência.

Psicodélicos: impactos mais intensos

Embora todos tenham mostrado aumento nas medidas de experiências místicas e de quase-morte, essas pontuações foram significativamente maiores entre aqueles que utilizaram psicodélicos.

Ayahuasca e DMT: consequências mais duradouras

Comparando as substâncias psicodélicas, os grupos ayahuasca e DMT relataram efeitos mais fortes e positivos a longo prazo do que os grupos psilocibina e LSD, que apresentaram resultados semelhantes entre si.

Reflexões finais

Esse estudo não só detalha as características das experiências que mudam a percepção sobre a morte, como também reforça a importância de investigações futuras com psicodélicos em cuidados paliativos. Esses achados podem oferecer novos caminhos para terapias que aliviem o sofrimento de pacientes terminais que enfrentam o medo da morte.

Referência

Sweeney MM, Nayak S, Hurwitz ES, Mitchell LN, Swift TC, Griffiths RR. Comparison of psychedelic and near-death or other non-ordinary experiences in changing attitudes about death and dying. PLoS One. 2022 Aug 24;17(8):e0271926. doi: 10.1371/journal.pone.0271926.

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