Psicodélicos de curta duração e IA no tratamento da depressão: hipótese promissora ou especulação?
O tratamento de transtornos psiquiátricos, como a depressão resistente, enfrenta desafios significativos. As terapias tradicionais, incluindo os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), muitas vezes demoram semanas para fazer efeito e podem não funcionar para todos.
Um artigo recente publicado na revista ACS Medicinal Chemistry Letters propõe uma abordagem inovadora: a combinação de ISRS com psicodélicos de curta duração, como DMT e psilocibina, aliada ao uso de inteligência artificial (IA) para monitoramento comportamental. Segundo o artigo, após um período prolongado de tratamento com ISRS (≥ 4 semanas), uma dose única de um psicodélico de curta duração seria administrada em intervalos de três a 12 meses.
A hipótese sugere que os ISRS criariam um ambiente neuroquímico favorável, enquanto uma dose esporádica de psicodélicos potencializaria os efeitos antidepressivos, acelerando a neuroplasticidade e a resposta terapêutica. Além disso, IA poderia ser usada para monitorar mudanças comportamentais por meio de padrões motores e respostas emocionais, tanto em modelos animais quanto humanos, permitindo ajustes personalizados no tratamento.
Vale ressaltar que essa abordagem está no campo das hipóteses e patentes, sem ensaios clínicos que comprovem sua eficácia e segurança. Embora existam evidências sobre os efeitos terapêuticos isolados da psilocibina e do DMT, a combinação com ISRS ainda não foi validada em larga escala. O uso de IA para monitoramento psiquiátrico também enfrenta desafios, como a necessidade de validação em humanos e questões éticas, incluindo privacidade dos dados e precisão das análises.
Leia o artigo na íntegra:
https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acsmedchemlett.5c00031
Referência
Kargbo RB. Psychiatric Treatments with Short-Duration Psychedelics and AI-Driven Behavioral Monitoring. ACS Med Chem Lett. 2025 Jan 29;16(2):219-221. doi: 10.1021/acsmedchemlett.5c00031. Viljoen G, Betzler F. Anxiety and Affective