Um breve resumo da vida de María Sabina: a sábia dos fungos
María Sabina, uma xamã do povo indígena Mazateca, foi responsável por reapresentar os cogumelos psilocibinos ao mundo moderno. Nascida em 1894, em Oaxaca, México, sua infância foi marcada pela extrema pobreza e pela perda precoce de seu pai.
Aos seis anos, em uma noite em que estava com fome, María Sabina encontrou cogumelos psilocibinos e decidiu comê-los. Essa experiência a convenceu de que esses fungos lhe conferiam sabedoria. Com o tempo, o uso dos “niños santos” — como ela os chamava — tornou-se seu principal campo de conhecimento, e ela passou a ser conhecida entre os Mazatecas como a “sábia dos fungos”.
Em 1938, antropólogos testemunharam pela primeira vez as cerimônias dos Mazatecas e confirmaram a hipótese de que o “teonanácatl” mencionado pelos astecas se referia, de fato, aos cogumelos psilocibinos. Duas décadas depois, em 1955, Robert Gordon Wasson, banqueiro e micologista, e Allan Richardson, fotógrafo, tornaram-se os primeiros estrangeiros a participar de uma cerimônia na qual María Sabina compartilhou seu conhecimento.
No livro The Wondrous Mushroom, Wasson descreve os rituais de María Sabina, enfatizando a crença de que os cogumelos "falam" por meio da voz da xamã, que atua como canal para o conhecimento divino. Esses rituais eram realizados em resposta a pedidos de orientação, seja para tratar uma doença, solucionar um problema ou localizar um objeto perdido. Os cogumelos indicavam quais ervas utilizar, quais santos invocar e quais peregrinações realizar.
A experiência de Wasson foi tão impactante que rendeu uma capa na revista Life em 1957, atraindo muitos estrangeiros ao México nos anos seguintes. Contudo, esse movimento chamou a atenção das autoridades, especialmente nos anos 1960, quando os psicodélicos passaram a ser considerados “drogas narcóticas e perigosas”. Como consequência, María Sabina foi perseguida e desmoralizada, sofrendo com a repressão que atingiu suas tradições.
María Sabina faleceu em 1985, vítima de uma embolia pulmonar, mas seu legado perdura, inspirando novas gerações a explorar os potenciais terapêuticos dos cogumelos psilocibinos. Humilde e sábia, ela superou inúmeros desafios ao longo de sua vida e é lembrada como uma das figuras mais celebradas da história do México.
Referências
Feinberg, Benjamin (2010). The Devil’s Book of Culture: History, Mushrooms, and Caves in Southern Mexico. [S.l.]: University of Texas Press.
Krippner S. Correction and clarification of an error in an article that I wrote (with Michael Winkelman) called “Maria Sabina, wise lady of the mushrooms”. J Psychoactive Drugs. 2010 Dec;42(4):515. doi: 10.1080/02791072.2010.10400715.
Krippner S, Winkelman M. Maria Sabina: wise lady of the mushrooms. J Psychoactive Drugs. 1983 Jul-Sep;15(3):225-8. doi:
10.1080/02791072.1983.10471953. Erratum in: J Psychoactive Drugs. 2010 Dec;42(4):515.
Letcher, Andy (2006). Shroom: A Cultural History of the Magic Mushroom. England: Faber and Faber Ltd. ISBN 0-571-22770-8